...O meu paraíso...




Não sei quem sou, que alma tenho. Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros). Sinto crenças que não tenho. Enlevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta traições de alma a um caráter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenha. Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas. [Fernando Pessoa. A Consciência da Pluralidade]
 Eu sou das asas que outrora voa,que não pára que é instante e rara vezes...eu sou mais que faro,sou da liberdade,mas que a corrente prende,onde mora a tara que me acende,vem das palavras que suave rende e que escreves a tarde e de me manhã me entende...eu sou móvel,tática parada e quase nada.Mas também sou tudo quando vejo vivo que meu paraíso é ao teu lado.
(Mariana Gouveia- by asas)

A tara que m'acende,
 Viv'ó teu lado,
Vive no prado e mergulha no lago,
Afoga-se na corrente ,
Que vai do vasto oceano ,
Para a fonte, que tu'alma jorra ,
Que minha já chora de raro,
Sinto-te ,de longe como faro de verdade,
Que arde ,arde e me cobre de luz ,
Vaidade, quem dera ser mais versado,
Pra s'tar ao teu lado, mesmo ao lado lado,
Lá onde iremos ficar um dia,
P'ra sempre , no panteão dos mais altos,
(que os homens) , poetiza amiga.

Jorge Santos