Luz da Terra


A flor Silvestre

Para dormir desperta em Mãe-Terra
Na orla da floresta frágil d’azinheiras
Havia que permanecer de raízes por terras, nuas,
Admirar Vega em noites sofismadas
Na sombra vaga ,nas margens d’azinhagas,
Da grande serra do Risco.

E os fogos-de-santelmo vieram
Na noite terna (sem nuvens) despertar
O Homem da flor silvestre
Cansado de repetir-se.
A flor Silvestre d’aragem sem pressas
Sopra em trigos e searas perenes,
Selvas ainda densas
Sussurrará sempre uma mensagem
De fé da Terra-Mãe.

Jorge Santos

Prego Meu


O meu prego
É moscovita,
Num dia torce
Para a direita,
No outro não entorta
Nem a crista.
É bolchevique
E fundamentalista,
Rasputine  e encapuzado,
Por vezes ,o prego,
Sente-se ilhota e desencantado,
Outras, um Lorca fuzilado,
O meu prego,
É artista , da cidade
Dos comediantes
E dos segredos,
Nem ele sabe ,
O que sussurram,
Nus ,em negros becos,
Escondidos,
Com medo
Dos sem dedos,
Os Espíritas.
O meu prego mendiga,
Mechas de cabelo,
Com o filho cego.
O meu prego,
Esconde-se na sebe
E nos rochedos,
Tem ego de elefante
E ADN de mostrengo,
È Moscovita.

Jorge Santos

linha Tua


Tem linha fina tua
E não caroço no pescoço esguiu ,
Tem corpo toque e abraço quente a pele,
De frente , túgida,
De longe ausente
Mas de repente em pele-de-galinha se presente
Como um caroço de pinha de linha fina ,esguiu ,tem ...

Jorge santos

farol do cabo

Farol do fim ao cabo,
No ritmo te pinto,
No intimo te sinto,
No limo t'alindo,
No peito t'ageito,
No leme t'amarro,
No(in) finito te fito,
No seio te beijo,
No desejo ...nem sei se mexo,
Se toco,
Se agarro,
Se roço,
Se afloro,
Se me demoro ou se fujo de farol no cabo...no cabo.


Jorge Santos

Fr'águas Mil



No que sobeja d'águas Caim

E magos em prados e cutelos,
Até que um rio correndo
M'arrastou e despiu d’árvore ,
Me envolveu d’folhas ,
Protegeu do frio , no sobejo
D'fraguas fortes , caí protegido ,
Caíam de mim , arrastadas no borborejo
Da fonte e cresci defronte ela
(minha amante), a fonte era distante
Mas soube-me a sede.
Descobri-me dum pouco no mar semfim
O acordeão lânguido, ritmado,
Das ondas salgadas,
O saguão pintado,bruxelante,
Refúgio das horas fundas,
No sobejo de águas-furtadas


Jorge Santos

De regressar tenho



Acende-se uma luz vaga no bosque,
É para aí ,devagar , que vou.
Agita-se a ramagem ,no salgueiro,
Como por magico toque,
Pelo som, assim ,de manso , sou
Conduzido , como mariposo,
Acende-se uma vela ,devagar , na velha casa,
Cheiram os jardins a mimosas,
Do canteiro voa lenta a ave da noite,feiticeira,
Acende-se uma luz vaga , atrás da porta ,
É para lá , que vou , devagar , voando ,
Nada mais interessa,
Tudo em volta está imerso em mariposas,
Avanço de toque mágico,
E o som de asas preenche o espaço , numa claridade bela,
Acende-se uma luz na floresta,
virá  alguém ?

Jorge Santos






Avesso ao Mundo

No Vendaval do fim do mundo, fim de tudo,
Onde meu pensamento vai morar,
No bico afiado do ouriço-do-mar,
Em torvelinho, no areal furibundo,

Me u coração insiste, não pára,
Pregado no corpo, apesar de negado
Por não o achar mais no prado fundo,
Nas ravinas do abismo, minha beira

De vácuo profundo e tristeza pousa
Breve em imponderável resma de papel
Almaço rasurado à pressa na mesa
Voa da janela no espaço sob a pele.

Turvo vemto torpe, galopas meu salmo
Sem rei nem roque; Leva-me para longe
Onde o areal ondeante e o mar seja calmo
Aqui, no canto estou e tudo me foge.

Dispersa, Ó vento , este corpo em cinza,
Imolado de cal e ira , em Saturno,
Venta , num peito sem veto e sem premissa
Como tu, vendo o nada e estou nu.

No vendaval do fim do mundo, fim de tudo
Ond’eu fui d’avesso morar, meu lar,
No côncavo mar, me deixa pois lembrar
Se aqui o meu lugar, longe e mudo

Jorge Santos





Sou daquelas almas
Que as mulheres dizem que amam,
E nunca reconhecem quando Encontram,”
Daquelas que, se elas as reconhecessem,
Mesmo assim não as reconheceriam.
Pra ser franco sinto perto uma linha que me divide
Entre o concreto e o metafísico, e uma dor extrema no peito.
“Sofro a delicadeza dos meus sentimentos,”
De alquimista e maquinista dos invernos
“Com uma atenção desdenhosa.
Como dos caracóis recolho-me e d’eles
“Tenho todas as qualidades,
Pelas quais são admirados os poeta românticos,
Mesmo aquela falta dessas qualidades, pela
Qual se é realmente poeta romântico.
Encontro-me descrito (em parte) em vários romances
Como protagonista de vários enredos;
Mas o essencial da minha vida, como da minha alma, é
Não ser nunca protagonista."
É antes ser autista quando preferiria ser artista e quiçá igual ao
Anarquista do conceito quando afinal sou grosseiro.
"O cais, a tarde, a maresia entram todos,
E entram juntos, na composição da minha angústia.
As flautas dos pastores impossíveis não são mais suaves
Que o não haver aqui flautas e isso
Lembrar-mas."
Lembrar-mas nos ermos que lasquei fascinado
Sem encontrar uma clave de Sol e os tesouros
Que valem ouros prosados e vícios fenícios.
Me levem daqui pós migrados de aves de voo
Tantas vezes replicado no sul.
Os paióis de minhas explosões são artefactos
Caseiros e artes que não detonam.
Sou sequelas d’almas com rasgado sorriso
Que se transmuta em ouriço
E parte para outro ofício , outra angústia.



Joel em PESSOA

El Perdon

No ceu da minha quase boca,
Quase seca,
Que a ponta de suas asas ,quase toca,
Na minha voz ,quase rouca
De meu corpo ,quase sem roupa
Em andrajos m'arrasgo, quase ,
N'alguma ruabeco sua, quase perto,
Devolvo-te ,quase por inteiro ,o meu almo certeiro,
O meu quase ,coração tinteiro,
O meu rosto ,envergonhado,quase por inteiro,
Leva, leve , quase litro e meio , do meu sangue,
E me escreve , com ele , em quase letras,
Em quase estrelas , do teu firme e quase sempre
Presente , firmamento,
Onde se cruza o vento,
com as estrelas e o tempo.

Jorge Santos

steel river

Nem teu pudor quero,
D'asas tortas,
Nem quero o rubor,
Das manhãs soltas,
Em insónias,
De voltas e voltas,
Envoltas de laranjais,
É e são sempre Sírios,
Devotos que quero roçando de leve a minha pele,
E os alívios que perseguem,
Os alvores ficticios de minhas derrotas,
Em batalhas devolutas e fícticias,
Não ,nem seu pudor quero,
Quero teu furor numa simples nota,
E no rubor roubado das manhas,
E manhãs minhas roubadas,
Às tua portas,
Não , nem seu pudor quero ,
Quero teu mexe/mexe na lota,
E no peixe e que me deixe,
Criar e não desleixe,
O meu feixe roubado,
De palavras , ao Fenício,
Que naufragou nesta costa ,
Em fim de rota marítima.

Escreve-me de  pudor carregado,
Nem que seja do Inferno
Quero o teu rubor encarnado.

Jorge Santos

Floreira na Janela

Sim ,
é na tempestade que cato flores
crente,
a semente e ha cravos e travo de ventre na terra dormente ,
ai gato ,
gato pardo alarve,
bravo,
do mato grosso,
não é que ,s
sente-me ausente e aí vai ele ,
esgravata procurando a semente enterrada ,
aí coloco de concreto ,
cimento sobre a semente e nem mais gato pardo arranhou ou cravorosaé
nasceu na janela creta da frente ,
a tempestade ,
ai essa ,ai essa volta sempre e assola a escola velha
e a mola da roupa branca vestal que prende o estendal ,
já sem floreira por debaixo ,
na janela do matogrosso do sul.
Sim ,
é só e somente,
na tempestade que componho o canto
e a semente no canteiro,pra florir ,sob o reposteiro na janela da frente

. Jorge Santos

arch-au-ciel

O arco
 É o o meu final,
No meu fiar nem o final me consente,
Consorte e clemente o meu final sizal somente o calvo Cairo
E a semente do alho , afinal mal sei se o caminho é longo,
Se as minhas pernas curtas ou navego sem barco,
Zarpei zarco nos ocasos dos países san Telmos ,desterros e desertos arquipélagos,
O meu final é o pensar demais em terras de Cinzeis.

Jorge Santos

Febus,Prince Des Pyrénées

Oração a um Deus Anão




Procuro castigo puro,

Porque Profanei o tumulo

Destinado do destino

E a Mansão do Emílio Zola.

Procuro quem me iluda,

Dedo aponte ao proscrito,

Traslade do garrote,

Armadilho em Covil de Zorra.

Procuro castigo duro,

Carga de rinoceronte

Ou Cornada de bisonte,

Abate contra o muro

Como um Goya fuzilado.

Procuro castigo rasgado,

Pelo corte picotado,

Missiva de Degolado reles,

Enxertado nos baldios

Dos infernos dos montes

Dos Perdidos.

Procuro rastilho

Curto de explosão

Rápida em paiol

Procuro lábios de sangue

E segmentos de enxofre

Que chamem a atenção

Procuro castigo puro

Por saquear a vala comum

De um Deus anão.


o Quarto anjo derramou sobre o sol a sua Taça.
 
 
Jorge Santos

cavalo do vento


Escrevia o nome Dele,
Vezes e vezes sem conto ,
Em paredes de cal e estuque ,
Era estugado pelo Nome sublinhado,
"Completamente louco em terra varrida pela loucura",
Infiltrara-se pelos porosos e percursos obtusos ,
Rondos a absurdos nos declives e pelos talefes breves ,agudos ,sempre empinados,
Desenhava rotas, impossíveis e passivas ,
Esquadrinhava vagas/areias de Samarkand a Finisterra de Baku a Burgos
Sobrevoando o Gobi seguindos os raiados vales/paredes dos silencios em Jerusalém ,
Vales dos Reis e Nilos .
Escrevia o Nome Dele nas paredes silenciosas ,
Ociosas e brancas da memoria ,tentando não O olvidar(mos) ,
Á cadencia cadenciada dos passos perdidos e achados ,preenchia-o o fluxo das palavras imaginadas em Estilhaços Biblicos,recolhidos de
Destinos planisféricos , plenos  em silêncios e em cores repetidas , vides paredes em vidas e vidas Planetárias.
Cheiro a rosa velho o carvão negro  desenhava o Nome que estendia pelas paredes Venais.
Gautama Jesus

Jorge Santos

Irun/Burgos (460 km/4 dias camiño Santiago) DESAFIA-ME

Desafia-me a pele,
Parte-me os nós dos dedos,
Envolve-me de de suspiros e medos,
É na composição do teu sangue,
Que desalquimo a metade do que arde , neste poço avulso
E nesta bruma calda,
Desafia-me a maçã de Adão e é teu , o meu arco teso de homem preso
E sortilégios.

E vejo e vejo e vejo em bolhas de sabão, o teu sangue a arder ,
Com folhas ,sombras de poejos ,
Desafia-me...desafia-me , ao meu jeito cruel
E a minha boca , poderá saber a mel
Ou a pele malfada,
Se tranfiguro o meu lado mudo, no reles acossado Curdo
Que meu corpo nó Nudo
Rapella , no vesúvio do teu sangue , pulsante Rojo.


Jorge Santos

Hendaya

Hendaye cadê! voei tuado tatu ,mudei a hora do voo,tarefa ardua voar com outro horario ,mas voo no desaparecido Dumont tatu,tatu,quando eu penso nisso fundo me dá um voar tuado morar, mural,com sinal de fumo ,(quando minto quase desapareço ),voei desnudo,cadê! estou aqui!! à sua frente no "café du dernier espoir",nosso ponto de encontro Parisiense quase á hora do Pequeno almoço,mas a hora mudou,mudei a hora do voo,tatu,tatu(som)existe uma voz que é só nossa desnuda e Basca,existe um som "a toi" que não basta quase na hora viennense do "croissant au marron douce",estou aqui!!tatuado verde,na parede da Marina de Portofino,Anda! ,Anda!,vem até junto da linha de água ,Hendaye,ela "es dulce". Jorge Santos

pais do feijoeiro

Provoquei-te de nariz arrebentado por todo o lado e descravado dei de caras na raíz quadrada ,subi no país do feijoeiro à prova de bala ,procurei voltei do procurar, onde não prosei ou escrevei dilecto e directo provoquei-te de nariz sob o solo estrumado do jordi ,Na Judeia desencanto um Obama janota branco ,investido de Lamma,pergunto-lhe como me chamo e o Judeu Gentil diz-me ser eu proprio um Sacana provocador e de nariz arrancado no pais do feijoeiro,por um filisteu. Jorge Santos

Grifo Quetzal

O grifo Quetzal metaformou-se de Osíris e a ansiedade em desejo n'algumas notas guardou as penas de grifo ,aos outros eus grito eu, e garimpo nas minas do rei salomão ,busco tua mão ,Os'ris dos teus olhos os rostos do meu sequestro meigo e o esqueleto réu e opinião d'mestra ,os rins que m'e'dest,a ágil lebre que m'inha língua despe ,quanto é'escrita ,(o hombre de qui parlo ,o furor non si perdona),busca o grito total quetzal ou de os'iris uma carícia de grifo metamorfo ,o teu jeito no meu desejo. Jorge Santos

Tarot

Ente o Tarot/tarado e o (onde estavas) desgrenhada havia um fosso de lodo que me afundava até ao pescoço mas foi nos corredores chamandos nomeadoss e crispandos de mãos por cabelos brancos ,loucas designações ,ascendi do pantanal aceso e a bem ou mal entre o tarot e o tarado (onde estou) desgrenhado,agora flutuo no limbo no castelo bemfadado ,garças nomeiam denome as ameias do Castelo ventoso. Jorge Santos

cru

vi vi vi tudo vi entrudo vim mudo e vi tudo mais tudo que tudo e tudo e nada no curvo abuso da estrada larga e estreita vi vi vit-te no entroncamento na casa estrada na estrada casa no vi tudo no vim nada e nada fuso confuso , tu ,nua e nua e nua na estrada tua e fim e fim e fim e sem fim de estrada curva curva e curva e turva a manhã que não te vi na estrada ,tu nua e eu cru ,cru,cru.
jorge santos

O mundo de Troia

E no mundo de Troia o venTo varino os T'ês Tombavam ,Tudo Tava nos T'ês ,Travava os mêses ,os cavalos colossais ,as mesas e as carTas ilesas de quem não chegava ,às vezes ,por pouco Tempo o venTo parava e então os sorrisos caíam do duplo sol e das mulTiplas luas nas areias varrida do venTo Tolo.E no mundo de Troia o tempo parava e os T'ês se soerguiam em honra de Ulisses ,os vice-reis reunidos em semi-circulo no solestício duplo Travavam-se de razões e de novo o vento soprava e soprava e os T'ês Tombavam e Tombavam ,porque o mundo dos T'ês não Tinha Deuses ,só o vento Varino que soprava,soprava.... Jorge Santos

Saudade

Perto da vidraça o bafo
desenha, da saudade
o abraço,fito o reflexo
e não m'encontro d'outro
lado,o vento me levou
da verdade o retrato.

fiquei um Arch'au'ciel

Jorge Santos

Lages calçadas

Amanhece ,D'Aquilino calçava descalço calçadas no espaço de sol-a-sol,intimidava-o a noite e a dor, a morte e o lençol branco,D'Aquilino calçava descalço calçadas no espaço do Calvário, nas cidades das folhas caídas entre uma e outra lage ,incomodava-o a chuva ,indiferente aos pés descalços do Bocage,Amanhece,D'Aquilino já não é calceteiro,descalço no lençol branco, seu corpo dislexico não mexe ,não crescem ervas entre as lages na calçada do Calvário ,Bocage já não sou,nem inquilino nem mestre deste corpo que não mexe,amanhece,D'Aquilino não aparece. Jorge Santos

Monumento de silencio

Cada monumento de pedra é atento e aparenta sair da bruma no Silencio,bebe-se nas espumas das espraias escumas,a cada momento o mito lírico pode viver sem medo e disperso na aparencia livre dos templos banidos (de pedras) , no sentido cromatico de uma verdade implacável,aí , ele tremia de medo do imperdoável em pergaminhos usados ,gastos. Tu ,tu aí e agora, sente a raiva doce, a fantasya de cal e pedra, a lagrima de saliva virulenta, sente a calma aparente que lateja encerrada nos labios virgens, sente,sente céus abertos livres ,sem sentidos proibidos,sem idolos de pedra e monumentos de calar,sem pátrias gastas,sem párias de silencios ,sem muros brancos,nem banidos de sentidos.Jorge Santos

não cesso de....

nao cesso de perder a coragem/ num corrimão de escada,/no elevador /tão perto de me perder /no cheiro a ti,/não cesso de roer as unhas /quando t'afundas nos corredores da escola/de perder o tino /quando me olhas tao de perto /não cesso de perder a calma nas malhas das tuas meias altas/ não cesso de viver incerto/ nas veias do teu pescoço /a minha frente no banco da classe/ onde me esqueço /e estou /se dentro do canteiro de jasmim /ou no espaço pertinho de ti/ sem coragem de te dar um abraço/não cesso de perder a coragem/ Jorge Santos

Algar

No Algar do candeeiro froxo (Arrimal)
o rosto tinha dentro o gosto a mosto e pedrais,
o brilho fosco e o sentido crítico do regato amainavam o acto ,
dum lago inscrito em semicírculo encerrado e baixo
,como se a luz escusa aprisionada fugisse devaga laiva,
amaina a salva,o musgo e acalma o som vago no algar do Arrimal.
( dedicado  á aldeia do Arrimal.) Jorge Santos

a luta entre a noite e o dia

Tagides Niil

são castanhos ,os ribeiros que Aquilino desenhou azuis, os salgueiros ao vento que Almada imaginou negreiros ,O Danúbio aí desaguou no Nilo e o Niilismo Afundou o Papiro velho onde Moisés e Ramsés trocaram devotos laicos,que poemas te podem descrever ,se as aguas não espelham mais o teu perfil egípcio ,apenas os heroglifos nos papiros ,navegam e brincam com os meninos Núbios e Líbios,vou fazer uma jangada de bamboo ,que seja mais perene e navegue até ao Nilo Azul. Jorge Santos



o meu rio se chama Cuiabá...onde garças brancas passeiam nos beirais e constróem ninhos nas margens,só pra beber da água doce.As cores da minha vida são de lá...de onde se vê a clareza do fundo e eu imagino um outro mundo,no fundo.

el perdon

olhos vagabundos

Professas e Colhes,
Com folhos os planetas e vagalumes
De acontecimentos deslumbrados
E atrelados a vagões/vagares sonhados de frases,
Pós magicos , sabores saberes
Ensina-me a meninar.

Na tua presença confesso que colho com os olhos vagabundos sonhos sonhados
Estrelados nos serões ,dormidos a meia lua,meia luz ,em lumes treluzentes e em vagões imergidos
Imaginados por gentes com frases todas diferentes
E Deuses Omnipresentes ,pós mágicos ,saberes.

 Jorge Santos

Amor Substantivo

Amor assim não tem fim ,
Tem quadro negro ardósia e letras em marfim,
Tem de tudo e enfim fico assim sentado escrevendo ,
Escrevendo kilos de substantivos e modos verbais ,
Amor assim não tem cais cataventos e virgulas ,
Amor assim é verbo é termo é centro de atenções
Amor assim já não existe senão quando vem aqui escarrapanchado no giz e no  negro
Onde escreviho e no mesmo  adivinho ,
Já que bruxo ser  eu e me abrunho ,
Desfaço-me em adivinhações e bruxulações ,
Amor assim não é de mim é decerto do golfinho que nada ainda nestas aguas azuis
Pro'verdoso ,já sem gosto a sal ,
Amor a todos e a ti pelo substantivo.

 JORGE SANTOS

achigã

As achigãs vivem no lagos e em barragens ,
Grandes ,vivas ,escondem-se nas ervas altas ,
É vê-las ,de Madrugada cedo ,
Respirar quase fora de agua
E fugirem á nossa presença ,
Já chega ,dizem elas quando passo
E lanço a cana e o anzol,
Vêm ao meu lençol rendado, branco de naufrago
Ou do luzerno do  farol faroleiro e se guiam até ao cesto ,
Levo-as para casa de lembrança ,
Coloco-as sob o candeeiro
Do quarto e fico olhando
Olhando as achigãs que viviam na barragem
E por lá nadavam,nadavam o dia inteiro.

Jorge Santos

Arcaico Tato

No  caso
Sinto que a montanha pariu um rato ,
Desculpe minha falta de tacto ,
Em Espanha me diriam espere um "ratito" e "me retorno de pronto",
Quanto ao tato ,
Prompto,de fato e fazendo fé no Neruda diria que um toque laico
Nem me faria mais arcaico porque nem Casto sou ,
De resto sou unico a de fato,
Num beijo túnico.

JORGE SANTOS

Em Santiago

Em conta-gotas meu amo em gotas-contas me pagarás ,
No resto nem rotas as pontas de tuas roupas que se encontram curtas quando te levantas ,
Meu amo ,meu doce amo ,
Divides as dívidas em tanto e quanto faz as contas e pões na cintura a bolsa que legitima o teu sangue azul ,
Em contas meu amo me pagarás ,as contas do teu destino , porque no fim das tantas e quantas
Teremos destino igual ,dividiremos o mundo sim,o meu espiritual lado ,
E o teu ,belo amo ,apagado no lago quando te miras deslumbrado nele,
Obrigado,meu amo belo, belas contas-gotas me dais por pagamento.

Il trovattore trovatto e a ventania que se abriu no mont'alto do perdão , feliz o rei carvoeiro e a sua canção ,O Reis (de seu nome) sem reino e sem Perdão todos filhos dos homens sem quinhão.






Jorge santos

Sirios de fábulas

Em Sírius colhi Lírios
E espalhei em meus dominius lestos domicílios e dormi velado sem vela nem medo
Em courela pública,nela me declarei culpado e obliterado ,
Cogito Esperanto esparramado no telhado ,
Desafio demusa aceito
E declaro aberto encapela nossas encapeladas querelas em aguarelas Delírantes ,
Meu suave martírio é você
Amiga fábula .

 Jorge santos

Sou Tímido

Eu sou timido e me intimido de intimidades ,
Tenho pedras no lugar do coração,
Atravessa-me uma fealdade de rompante e o mundo fica-me indiferente ,
Sabe-me mal falar de frente ,
Sou um raro tipo de gente que destroi com os olhos o que mira ,
Sou misto  de "Aubisque"com  abismo e em mim próprio me afundo ,
Sou sobretudo desumano e trotamundos curvos ,
Sou mudo incincero e sou feio,
Não creio e receio o mundo ,
Sou o Joel permeio de matos e em fantasticos curros/muros fujo
Com receio de tudo e todos,por isso desvio o olhar quando alguem passa
e fujo como caça acossada ,por tudo e por nada.

JORGE SANTOS

poções magicas

Sonho castelos feitos de salas vazias,
E é vê-los encherem-se de magias alquimistas nos caíres noite após noite ,
Impérios romanos tombaram em chãos gastos ,
Dormideiras hipnoticas sonham no submundo profundo,
Nas brumas cheirando a poções em redor das ameias brilham os cabelos acesos de quem me guia
E seduz ,conduz ,sonho casas cheias de maravilhosas relíquias
E é vê-las encherem-se de sonhos e delícias ,
Carícias e desvendar segredos ,criar em vasos pistachos e cheirosos malmequeres,
Em chãos desfolhar milharais e tombar ao lado de quem me quer ao som de um jazz mole.

Jorge santos

el camiño

Creio que este desejo louco de te oferecer o sol ,
que sola tão pouco ,quando meu desejo não arde ,este sol que desbota a minha face ,
quando a vossa face e tua mão não se me parte ,de castigos e sem abrigo ,quando este desejo sabe a pouco,
e me deixa louco ,porque nem assim de louco sinto o calor no corpo,
e o desejo louco seafoga no teu corpo de vestal ,
não me leves a mal ,mas assim que meu corpo sonha com o sol ,fico louco
embora o sol deixe pra traz a lua ,e na tua rua me dispa de preconceito,
e leve aheito e a direito a phonya ,que cresce no peito ,
mar e mar ,maresia que me afogas e de sol solesticio derreto.

Jorge Santos

Il Trovatore

Sou eu ,
JURA ,
Jura Ma'ré que'm'é fiel,
Que não me atraiçoa num golpe de vento
Torto e m'atira borda fora como o marinheiro preguiçoso
Que dormitava no leme.
Sou eu, Jura ,
Que não me sensura, por dá-cá-aquela-palha ,
Na lisura do arco do Triunfo e no Mar-da-palha ,
Triunfante e Sargaço (o que faço ?) Do Olifante e no Falhanço,
Nem d'Arrogante sou réu,
Mas jura , jura ! Ma'ré , Jura,
Que me levas inteiro p'ra praia e me proclamas guerreiro /Hercules dos cardumes de sardinhas/carapaus ,
Me dizes ao ouvido que tenho jeito ou eu grito na maresia  aflito,
Ainda sem pé na praia ,
Sou eu , Jura....Jura  meu filho que não me arroja no meio da rua e na lama.
.

Il trovattore trovatto e a ventania que se abriu no mont'alto do perdão , feliz o rei carvoeiro e a sua canção ,O Reis (de seu nome) sem reino e sem Perdão todos filhos dos homens sem quinhão.

Jorge Santos