Pressagio de tudo por quase um nada


Eu sei que pressagio de tudo por “quase um nada”,
E se de alguma coisa haja que me desconvença,
È porque nem mereça quiçá a pena
Profetiza-la, sabendo-a provisória, resma miúda.

Tudo o que já foi e ficou dito não mais o é nem será,
Desde que não mais me soe ou sinta essa má sina,
Mas se parece doer a dor que já me não dói até,
É porque o ontem falhou, findou a trégua, acabou …

Pra trás ficou enterrado o palio vício, da simples fé
Do ontem, que me deixou assim vencido, prostrado, cansado.
Mas o que me deixou sim, vazio… foi uma filha doutra fé,
Só porque endoideci, me deixei ir e fui, na maré…

E hoje o dia é já outro, embora com este pouco se pareça,
Nebuloso e frio que nem a margem do cadafalso, sem armistício,
Pálido como o jugo de perfil da rês, pouco antes da matança,
Lírico, como o lúcio litúrgico banhando-se nu, num rio..

Entretanto o público troça, a corda roça, lassa, o meu coração,
Parecia distante mas, de perto, vejo tece-la, uma cobra branca…
Negro o cortejo e os gritos do gentio,-morte ao charlatão-morte-
Mas alguém, d’entre estes viu, o sorriso nesta minha boca…

Eu sabia que est’alma encarnaria uma outra
Porque pressagio tudo por “quasi nada”…

Joel Matos (01/2013)