Tenho...

Tenho um penedo em lugar de peito
E talvez nada tenha em volta dele
Que não seja este nó-de-cego
De tanto medo

Fauno


o labirinto do Fauno,"homem metade" irrealidadeBruma,luar infinitoencanta-me estar perdidopreso no labirinto do meu umbigono labirinto que eu sounem eu sou benvindoe dos ruídos todos duvidono labirinto em que vivo.

No labirinto do Fauno vivo destacado do chão e do meu umbigo, o labirinto do Fauno que sou...


sei ^~^~^~^~^~^^^^^^~^~~~~^^^^

Sei não poder curar-me a mim
avenca e a ti
tampouco sei
Vim curar o mundo, 
e até do mundo 
m'apartei...

Suspeito

Suspeito-me eu, da 
mais velhaca imitação

FALSO

Nada faço senão imitar
o desassossego com que outros
são de verdade feitos, eles sim, nobres
de pensamento,
que eu não ... não eu.

Eu minto com todos
os pelos do meu pobre
peito, se nem os poros
respeito já que tudo quanto
deles sai é imitado, de imitação
e FALSO...

IMPERFEIÇÃO

Se até o suor meu cheira a podre a falso
e a putrefacto ,
e tanto que a mera criatura gerada
nesta mente exagerada, 
só a mim responde pelo nome de "NADA"
por ser tão pobre
e por não ter nada, 
de facto em seu nome...

Peso o meu querer pelo menos
como o de uma árvore morta
ou uma pedra,
não sei nem sei se quero saber
se sofrem de contentamento 
ao caírem ...

Se eu pudesse...

Se eu pudesse trancar a Terra toda
dentro de mim e me demorar
olhando-a dentro dest'peito 
E sentir-lhe o paladar devorando-a
lentamente, devagar e depois 
de rompante mas sem preconceitos
Seria mais feliz nesse instante ... 

Mas se eu nem quero ser feliz. 
...preciso ser de vez em quando infeliz
e admirar a Terra e o encanto 
Para poder reencarnar 
assim num verde perfeito campo
em flor...

Vitral donde venho

donde venho
nem o vento
tenho...
poesia d'escama
escrevi em si,
como Assim deveria 
chamar-te ou ele a mim,
também... enfim. já que 
o mar amei...
donde venho não há tempo
que teime em 
me não arrulhar
no esqueço do mar aberto,
no mar-morei
e sei que, 
deveria eu chama-lo,
de meu ou
chamar-me no meio
dele, ateu...
se morrer sem 
ser velho,
quero morrer
na poesia d'onde venho
morrer de pronto,
no mar é meu,
donde venho...(pronto)

Sem linhas

Sem nas linhas do verso
ser estampado o amor e a vida 
e nas subtilezas do sonho
o consolo da tristeza
o destino não teria saída
e o universo seria uma casa fria
perdida, com certeza
sem as linhas do verso
a força seria fraqueza
e o amor incerteza sem causa
sem nas linhas do verso

ter desta, essa vida...

Sem linhas não verso...

Se soubesse...

Se soubesse que amanhã morria
calcava os pés nos livros que não li
e nas lembranças do que não vivi,nas utopias
dos outros que apodreceram antes de mim

se soubesse que amanhã morria
chorava a esperança que perdi
um pretenso dia, por aí..


O que sei...





O que sei do medo ?

Nem os Ogres e os dragões conhecem...
Embora eu lhe ouça a passada,
Não os receio, nem me vencem...
Não sabem eles que me perderam,
Onde o inferno se encontra
Com o meio do céu, na floresta negra... 

O que hoje sei sobre a dor,
O arredio e o horror do Inferno frio,
Só as sombras e os escombros
Conhecem, são palanques
De Mestophles e dragões demónios
Que não me vencem,não me vencem...

Tudo O que sei do medo,
Ouço no passar do vento...
P'las sombras que povoam,
O logradouro do meu pensamento.

Jorge Santos





Feito de ti...

Deus, que é feito de ti,
Se é que existes ou me ignoras,
Pois quando dou por mim,
Olhando o céu, sem estrelas,

Sinto um total desalento,

Sorvi o vento...

sorvi o vento...
sustive o tempo
dormi entretanto
no cárcere breve
do corpo...

Diz-me

Diz que entendes
O que se passa, entre mim
E o precipício
Sabendo-nos às vezes
Unidos por um fio-de-prumo
Como a noite e o final do dia

Diz-me porque pareço particípio
passado Tara perdida
Inércia sem-fim 
mar morto
Diz que entendes
o dia meu
assim o sol posto..